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“…Obviamente, se escolhermos um objectivo trivial, o êxito que obtivermos não nos propiciará desfrute. Se me propuser como objectivo manter-me vivo sentado no sofá da sala, posso também passar os dias sabendo que o estou a alcançar, tal como acontece com o alpinista. Mas esta constatação não me torna particularmente feliz, ao passo que o conhecimento do alpinista traz uma enorme alegria à sua perigosa escalada…”

 

“O eu torna-se mais diferenciado em resultado do fluxo porque, ultrapassar um desafio, leva inevitavelmente a que nos sintamos mais capazes, mais aptos… tornamo-nos indivíduos mais singulares, menos previsíveis, detentores de faculdades mais excepcionais… “

Não há nada que revele mais o melhor que há no ser humano… do que uma situação de montanhismo. Nada nem ninguém nos obriga a submeter a mente e o corpo a uma tensão tremenda para atingir o cume”…

Mihaly Csikszentmihalyi no livro “Fluir”

 

A Ana no fim de uma viagem tem de ser diferente da Ana do início da viagem. Este é um foco que tenho na minha vida e no imenso prazer que sinto ao viajar. Qualquer viagem é maravilhosa mas se puder ser transformadora, melhor. Procuro isso e faço por o realizar.

Construir um ser melhor implicar sair da zona de conforto. Anos de Coaching entranhados na pele, fazem com que me desafie, com que avance apesar do medo, com que submeta a minha intenção na superação.

Fiz uma viagem aventura a Marrocos como tantas outras pessoas. Conheci várias cidades, a sua cultura diferente, os seus sabores intensos, as suas latitudes e longitudes em contacto humano com um país real. É importante salientar que foi uma viagem e não tursimo (é diferente). Decidido o destino, seguiu-se o desafio: tornar esta viagem transformadora!

Objectivo: Subir ao Monte Toubkal, o pico mais alto do norte de África, no Alto Atlas, a 4167 metros de altitude.

 

Factos sobre o tekking ao Monte Toubkal:

Dia 1 – dos 1770 aos 3800 metros de altitude – Desconforto, calor, respiração ofegante num ar cada vez mais rarefeito, durante 5 horas num caminho que me parecia interminável.

Dia 2 – dos 3800 aos 4167 metros de altitude – Acordar às 4 da manhã, desconforto, frio de cortar, respiração dolorosa num ar cada vez mais rarefeito, durante 4 horas num caminho que me parecia interminável.

Ainda no dia 2 – dos 4167 metros de altitude a descer até aos 1770, o ponto de partida desta aventura.

14 horas a caminhar no total.

9:00h – 4 graus

20:30h – 36 graus

Dor

 

Foquei-me em cada passo. Nunca olhei para o alto. Um passo era o meu próximo objectivo. No leve momento a seguir ao que pensei em desistir, pensei “se os outros conseguem, tu também consegues! e tu queres! Se queres, podes e vais conseguir!!”.

Chorei quando me perguntaram “de que te ris?”

“Rio-me porque só tenho vontade de chorar”… e chorei.

Mas também sorri! Também abri os braços perante uma paisagem maravilhosa. Também fui apoiada com gestos e palavras. 

 

 

Inspirada pelo texto de Mihaly Csikszentmihaly senti-me um alpinista. No fim, aquela magia que só a superação – física e psicológica – dá de sabor, me preenchia a alma.

Se eu podia ter ficado às compras em Marrakech? Podia! Mas o ser humano que voltou do Toubkal, não é certamente o mesmo.

Para mim, pessoalmente, foi duro. Foi uma superação. E isso, faz toda a diferença.

 

Com imensa gratidão,

Shukran, Obrigada

Ana

 

 

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